“To spend more time with his family.” O wake-up call de Mohamed El-Erian

O economista Mohamed El-Erian relembrou dias atrás no LinkedIn um momento de virada em sua vida.
Em maio de 2013, sua filha de 10 anos listou 22 momentos que El-Erian havia perdido durante aquele ano letivo — do primeiro dia de aula até sua partida inaugural de futebol.
Em seguida, a menina pegou o anuário escolar, apontou para uma foto e disse: “Mesmo quando você está aqui, você não está aqui”. [Na foto, El-Erian aparece ao fundo, os olhos grudados no celular.]
“Aquele momento se tornou um ponto de virada na minha vida, me fazendo perceber o quão ausente eu estava,” El-Erian disse recentemente no Linkedin. “Sou profundamente grato à minha filha por esse poderoso chamado para despertar, e por todas as coisas maravilhosas que se seguiram.”

El-Erian era naquele momento o CEO da PIMCO, uma das maiores gestoras do mundo, com US$ 2 trilhões sob administração.
Em janeiro de 2014, oito meses depois da lista de momentos perdidos, El-Erian pediu demissão de um dos cargos mais cobiçados do mercado financeiro. 
Com 55 anos e um salário anual de US$ 100 milhões, o economista deixou a PIMCO e se tornou um gestor part time.
Na época, o The Wall Street Journal disse que o motivo de sua saída estava relacionado a desavenças com Bill Gross, um dos fundadores da PIMCO, e ao ambiente de alta tensão que deteriorou a relação entre os dois. 
Tempos depois, El-Erian escreveu um artigo em que expôs as razões que o levaram a pedir demissão – e falou pela primeira vez sobre a filha ter lhe cobrado sua ausência.
Eu me senti péssimo e fiquei na defensiva: eu tinha uma boa desculpa para cada evento que perdi! Viagens, reuniões importantes, uma ligação urgente, tarefas de última hora…
Mas me dei conta de que estava deixando passar algo infinitamente mais importante.
Por mais que eu pudesse justificar – como já havia justificado – meu equilíbrio entre trabalho e vida pessoal havia saído completamente do controle, e esse desequilíbrio estava prejudicando meu relacionamento tão especial com minha filha. Eu simplesmente não estava dedicando tempo suficiente a ela.
O artigo viralizou na época. 
São raros os CEOs que abandonam um cargo estelar e um salário milionário para se dedicar à família ou buscar uma vida mais equilibrada (eventualmente, o wake-up call vem de algum diagnóstico que se assemelha a uma sentença de morte). 
Ainda que as questões relacionadas à saúde mental tenham ganhado mais visibilidade nos últimos 10 anos, o mundo corporativo mudou pouco. O que não causa mais surpresa são justamente os casos de depressão, ansiedade e transtornos compulsivos.
Neste começo de ano em que metas são desenhadas, ambições renovadas e a esperança de que 2025 será melhor (qualquer que seja o departamento), o post de El-Erian nos lembra de buscar a felicidade nas pequenas coisas do dia-a-dia, ao lado de quem importa.
Em tempo: El-Erian hoje é presidente do Queen’s College, da Universidade de Cambridge, colunista do Financial Times e consultor da seguradora alemã Allianz. Não, ele não foi vender sua arte na praia.
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