Conheça o canicross, a corrida que une cães e humanos

Corrida é um esporte adotado por muitos brasileiros. De acordo com o Strava, o aplicativo fitness, o País teve 19 milhões de corredores em 2024.
Se juntarmos essa multidão aos milhões de apaixonados por cachorros que vivem aqui, então, tem-se ideia do potencial de uma modalidade que conquista cada vez mais adeptos no País, o canicross.
Considerando o investimento em equipamentos, espaços para treinamento, calendário de competições e patrocínios, temos um novo – e milionário – mercado em ascendência dentro do mundo dos pets, seja para atletas ou entusiastas.
O esporte, que surgiu na Europa, une cães e humanos em uma corrida ao estilo cross-country, por trilhas ou terrenos rústicos, em percursos que geralmente vão de 2 km a 10 km.
O competidor usa um cinto atrelado a uma guia elástica que se prende a um acessório colocado no cachorro, o arnês, uma espécie de peitoral. Esse conjunto de equipamentos permite ao animal correr com segurança, proteção e liberdade de movimentos, exercendo tração e dando impulso ao corredor.
Em terrenos mais pedregosos, por assim dizer, o cão pode correr com um tipo de meia antiperfurante, que preserva suas patas. A regra, no entanto, é que a trilha seja preparada para evitar esses problemas e diminuir a chance de acidentes.
A dupla disputa a prova com temperaturas que, nos padrões internacionais, não podem superar 25 graus. A razão está em não provocar mal-estar nos competidores, sobretudo os caninos.
A temporada de competições se concentra entre abril e novembro, para proteger os corredores das temperaturas extremas. No Brasil, alguns organizadores até promovem provas no verão, mas alguns praticantes não acham isso saudável. Por isso, as associações do esporte no País batem na tecla: acima de 25 graus, não tem largada. Para treinos do dia a dia, porém, é possível se exercitar no verão, sem abusar do calor.
Correndo no Brasil
Um dos responsáveis pela expansão do canicross no país é o educador físico Willian Oliveira, do Rio de Janeiro. Ele teve seu primeiro contato com o esporte em 2012.
Em um evento de mountain bike e trail run em Saquarema, uma alemã pediu para correr com seu cachorro. Era uma atleta de canicross. Willian se interessou pela prática e aderiu à modalidade. Tornou-se competidor, e depois organizador de provas.
Willian levou o canicross para São Paulo e Minas Gerais. Em 2018, foi campeão sul-americano com Xico, um braco alemão. E em 2021, foi um dos fundadores da Liga Brasileira de Canicross e Similares (LB Canis).  
Não há dados sobre o número de praticantes no Brasil. Porém, hoje, o canicross tem diversas provas no País, com campeonato nacional e Copa do Brasil, entre outros torneios.
Um sinal de que o esporte ganha expressão por aqui é a chegada da marca de acessórios mais famosa do segmento no mundo, a norueguesa Non-stop. Ela tem parceria com a Baren Pet, fundada pelo brasileiro Christian Hahn, que a representa desde agosto do ano passado.
O tamanho da população de cães do país justifica a confiança da Non-stop no potencial do canicross no Brasil: segundo pesquisa do Instituto Pet e da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), são 62,2 milhões os cachorros em lares brasileiros. “Se apenas uma pequena parcela desses tutores começar a correr com seus cães, imagine como o esporte vai evoluir”, diz Hahn.
Quem quiser correr bem equipado com seu cachorro, terá de investir em torno de R$ 1 mil para adquirir um conjunto de guia elástica, cinto e arnês. O valor é para nível iniciante.
Um brasileiro campeão mundial?
Com sua experiência no esporte, Willian assegura que, em breve, o país terá um campeão mundial. Suas expectativas estão no atleta Matheus Oliveira, 26 anos, de São Paulo.
Os melhores resultados de Matheus nos campeonatos mundiais (que ocorrem de dois em dois anos) foram 8º, em 2019, na Suécia, e 5º, em 2023, na Espanha. Para 2025, o plano do atleta é subir ao topo do pódio.

O calendário conta com dois mundiais, realizados por duas entidades. O da IFSS, federação que reúne modalidades com tração, entre elas o trenó, será em outubro em Wisconsin. Já o da Federação Internacional de Canicross (ICF) será em novembro, na República Tcheca. “Quero chegar em condições de brigar pelo título nas duas competições”, afirma Matheus.
Para entrar no esporte
O atleta conta que o que mais aprecia no canicross é a conexão que estabelece com seus cães. Matheus é tutor de cinco, entre eles Schubert, um pointer inglês, e Joseph, um greyster, com quem obteve seus melhores resultados nos mundiais.
“A gente cria uma relação profunda com o cachorro. Mesmo que a pessoa não vise o alto rendimento, eu indico o esporte porque ele traz benefícios também para o animal, que fica menos ansioso.”
Matheus dá dicas para os corredores que desejam aderir à modalidade. Leve o cachorro ao veterinário para avaliar se ele tem condições físicas para o esporte. Depois, comece a treinar com o equipamento adequado – nada de improvisos. Por fim, faça a evolução das distâncias de forma gradual.
“É um erro comum o tutor já sair correndo 5 km porque viu que tem muita prova de 5 km. O treino tem de ser aos poucos. E a prática tem de ser prazerosa para o cachorro,” ensina.
Outra recomendação é de Willian: verifique se o local que escolheu para treinos permite exercícios com cachorros. No Rio, uma lei estadual de 2021 proibiu “atividades extenuantes” ou corridas competitivas de cães. Mostrar que o canicross dá atenção à saúde do animal é uma das batalhas dos promotores do esporte.
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