Em artigo, Marquinhos da Silva analisa os desafios enfrentados pelo futebol catarinense, sem representantes na Série A e com clubes sofrendo pela falta de investimentos.

Sem representantes na Série A do Brasileirão, acompanhamos as dificuldades enfrentadas por nossos clubes nas Séries B e C. Sofremos com a falta de competitividade, reflexo direto da escassez de investimentos.
A equação é simples: sem capacidade de contratar os melhores talentos, nossos times são frágeis diante de clubes com orçamento maior. O resultado é visível. Há poucos anos tínhamos quatro representantes na Série A. Hoje temos três times na Série B e dois na C.
O caminho a seguir não é segredo para ninguém. Precisamos atrair investimentos para o futebol. Aproveitar um movimento global de injeção de recursos nos esportes e no entretenimento e maximizar o valor de marcas que são alvo da paixão de milhões de pessoas.
A bem da verdade, a ideia de atrair investimento não surgiu agora. A nova ordem do futebol foi imposta pela FIFA a partir de 2015, quando definiu que os direitos econômicos dos atletas devem pertencer aos clubes ou aos próprios jogadores. No Brasil, ganhou força poucos anos depois, com a mudança na legislação que abriu a possibilidade de transformação de clubes associativos em empresas.
Dito isso, acredito que o Avaí Futebol Clube, dono da maior torcida do estado, pode ocupar posição de vanguarda nesse novo cenário. O clube amadureceu ao longo de anos o debate sobre o tema. Coube ao Conselho Deliberativo a constatação de que é necessário buscar investimentos. Uma conclusão que nasceu de conversas internas – e não foi impulsionada pelo desespero por recursos, como ocorreu em outros clubes.
Após a aprovação da Recuperação Judicial, o Avaí enfrenta as dificuldades normais para fazer futebol com recursos escassos. Mas mantém suas dívidas sob controle e pode analisar com tranquilidade quaisquer propostas de investimento que surjam no horizonte. Também pode tomar as medidas necessárias para proteger seu patrimônio e construir um acordo que preserve sua história centenária de glórias e conquistas.
O Avaí disputa campeonatos ao lado de SAFs – são mais de 100 hoje no País, algumas com investimentos milionários – e precisa se manter competitivo. O modelo atual de financiamento, baseado em patrocínios, programas de sócios, cotas de TV e bilheteria, gera recursos insuficientes para cobrir as despesas de um clube competitivo. Estamos com a ‘casa em ordem’, temos uma torcida apaixonada e representamos a cidade mais querida do País. Chegou a hora de aproveitarmos esse potencial e construir um clube vitorioso.
Marquinhos da Silva é conselheiro do Avaí