Londres – O fotógrafo brasileiro Gui Christ foi um dos premiados no concurso internacional Sony Photography Awards 2025, que anunciou os ganhadores nesta quarta-feira em Londres.
Sua série M’kumba, retratando cenas de cultos religiosos afro-brasileiros, foi eleita a melhor na categoria Retratos do prêmio, que recebeu este ano mais de 419 imagens de 220 países.
Outros dois brasileiros também tiveram seus trabalhos reconhecidos. Lalo de Almeida conquistou o segundo lugar na categoria Paisagem com cenas do Brasil em chamas. André Tezza também ficou em segundo, só que na categoria Arquitetura, com imagens do casario de Belize.
Ensaio do fotógrafo brasileiro premiado no Sony destaca religiões de matriz africana
A série “M’kumba” é um projeto fotográfico que revela, com sensibilidade e força, a resiliência das comunidades afro-brasileiras frente à intolerância religiosa.
A série mergulha nos universos simbólicos das religiões de matriz africana, frequentemente alvo de preconceito e violência no Brasil. Christ é praticante da religião e procurou mostrar como as novas gerações estão revitalizando e reinterpretando a mitologia e os rituais.

O nome do projeto remete a um termo ancestral do idioma Kongo que designava líderes espirituais. Com o tempo, segundo o fotógrafo, o termo foi distorcido e passou a ser usado de forma pejorativa para deslegitimar as religiões africanas no país.
Em “M’kumba”, de acordo com os jurados do prêmio, ele retratou uma juventude orgulhosa, encarnando divindades africanas com vigor e dignidade. As imagens, íntimas e potentes, desafiam o preconceito e celebram essas tradições como parte essencial da identidade cultural brasileira.

Durante mais de três séculos, cerca de 5 milhões de africanos foram levados à força para o Brasil. Além da liberdade, perderam também o direito de praticar suas crenças.
Ainda hoje, os praticantes enfrentam hostilidade – apenas em 2024, foram registrados mais de 2 mil casos de ataques a terreiros e manifestações religiosas.

Embora 56% da população brasileira se declare negra ou parda, menos de 2% se identifica publicamente como adepta de religiões afro, principalmente por medo de represálias.
Veja os outros brasileiros reconhecidos no Sony Awards 2005
PAISAGEM
Em Apocalypse, que ficou em segundo lugar na categoria Paisagem, o premiado fotógrafo brasileiro Lalo de Almeida , da Folha de S.Paulo, mapeou a devastação causada pela seca, desmatamento e incêndios florestais em todo o Brasil em 2024, seu ano mais quente já registrado. As imagens mostram o impacto da crise ambiental no Pantanal e no Cerrado.



Em 2024, Lalo foi um dos vencedores do World Press Awards.
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O vencedor na categoria Paisagem foi Seido Kino (Japão), Ele combinou cuidadosamente imagens de arquivo com paisagens japonesas contemporâneas para revelar como as cidades e vilas evoluíram com o passar do tempo e como os desafios de hoje podem ser conectados ao passado.

ARQUITETURA E DESIGN
A série Twilight in San Ignacio, do fotógrafo brasileiro Andre Tezza, também foi premiada no Sony Photo Awards 2025, conquistando o segundo lugar na categoria Arquitetura.
As imagens exploram a resiliência da arquitetura de Belize, registrando as casas construídas para resistir ao desafiador clima tropical.


O vencedor geral do concurso, eleito Fotógrafo do Ano, foi o britânico Zed Nelson. Seu projeto de longo prazo Anthropocene Illusion documenta como os humanos se relacionam com o mundo natural, criando experiências artificiais da natureza diante das mudanças climáticas e do esgotamento da biodiversidade.

Os trabalhos vencedores e finalistas estão expostos em uma mostra no centro cultural Somerset House.
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