Debate Aprofunda Importância da Preservação dos Terreiros da Cultura Afro-Brasileira

Preservação de Terreiros de Religiões de Matriz Africana em Debate
Um marco significativo na luta pela valorização e preservação das culturas de matriz africana ocorreu em uma recente mesa-redonda promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), realizada na quinta-feira, 27 de outubro. O evento, que reuniu especialistas, representantes de comunidades religiosas e autoridades, teve como foco central o tombamento de terreiros e a necessidade urgente de reconhecer esses espaços como patrimônio cultural.
Durante a mesa, o presidente do Iphan, Leandro Grass, exaltou a importância de uma abordagem proativa neste tema, defendendo que é essencial envolver a sociedade na conscientização sobre o valor dos terreiros e o respeito às tradições de matriz africana. “Além de trabalhar junto aos quilombos e terreiros, é fundamental envolver toda a sociedade nesse processo de conscientização sobre o que representa esse patrimônio”, destacou Grass.
A discussão também abordou desafios enfrentados no reconhecimento e proteção legal dos terreiros no Brasil. A coordenadora-geral de Promoção e Sustentabilidade do Iphan, Alessandra Rodrigues Lima, trouxe à tona questões decisivas como a ligação entre o reconhecimento do patrimônio de matrizes afro-brasileiras e as discussões étnico-raciais no país. Segundo Alessandra, é vital que a produção de conhecimento sobre esse patrimônio seja convertida em instrumentos de gestão mais eficazes.
Durante o evento, foi exposta a questão do Acervo Nosso Sagrado, uma coleção de cerca de 500 peças ligadas às religiões afro-brasileiras, que carregou uma conotação discriminatória ao longo dos anos, sendo anteriormente conhecida como “Coleção Magia Negra”. Alessandra ressaltou a necessidade de reverter essas narrativas e valorizar esses bens culturais de forma positiva, rompendo com a lógica repressora do passado.
Em uma proposta de reparação histórica, o Acervo Nosso Sagrado irá passar por um processo de pesquisa para produção de um dossiê que subsidiará a rerratificação do seu tombamento, originalmente concedido em 1938. Esse movimento visa revisar o escopo de reconhecimento do acervo, eliminando conotações discriminatórias e revalorizando a riqueza cultural e histórica dessas expressões.
Dessa forma, a mesa-redonda não foi apenas um espaço de diálogo, mas uma ação concreta em direção ao fortalecimento da proteção legal dos terreiros e ao reconhecimento das tradições afro-brasileiras, um esforço que representa um passo significativo na luta contra a discriminação e em favor da celebração da diversidade cultural do Brasil.

Perguntas e Respostas sobre a Preservação de Terreiros de Religiões de Matriz Africana:

O que são terreiros de religiões de matriz africana?

Os terreiros são espaços sagrados onde se realizam rituais e práticas ligadas às religiões afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda. Eles são fundamentais para a preservação das tradições e da cultura dessas comunidades.

Por que o tombamento de terreiros é importante?

O tombamento é um reconhecimento oficial que visa proteger o patrimônio cultural, assegurando direitos e respeitando as práticas e tradições das comunidades de matriz africana, além de promover a valorização de sua história.

Quais desafios os terreiros enfrentam na sua preservação?

Os terreiros enfrentam desafios como a falta de reconhecimento legal, a discriminação, a intolerância religiosa e dificuldades financeiras, o que torna a proteção e a valorização ainda mais complexas.

O que é a rerratificação do tombamento?

A rerratificação é um processo que revisa e ajusta o reconhecimento do tombamento de um patrimônio, com o objetivo de eliminar visões discriminatórias e reformular a forma como esse bem cultural é percebido e valorizado.

Como a sociedade pode contribuir para a preservação dos terreiros?

A sociedade pode se envolver promovendo a conscientização e o respeito às tradições de matriz africana, participando de eventos, apoiando iniciativas culturais e denunciando atos de intolerância religiosa. Além disso, é importante que as pessoas busquem informações e se educar sobre o tema.

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