A Oncoclínicas reportou mais um trimestre de melhora no capital de giro, redução do capex e aumento na geração de caixa operacional — conseguindo reduzir sua dívida líquida organicamente em mais de R$ 110 milhões.
Por outro lado, a rede de oncologia sofreu um impacto no P&L de sua política mais conservadora de diminuir a exposição a planos de saúde com maior inadimplência ou prazos de pagamento longos.
Ao diminuir o atendimento desses planos, a Oncoclínicas perdeu R$ 100 milhões de receita no trimestre (70% compensada por novos clientes) – o que levou a uma compressão da margem, já que as despesas se mantiveram no mesmo patamar.
“Já estamos no processo de substituir essas receitas por novos clientes, e com condições melhores,” o CFO Cristiano Camargo disse ao Brazil Journal.
O resultado do quarto tri também foi impactado por um impairment relevante relacionado ao problema com a Unimed Rio (que teve que transferir suas carteiras para a Unimed Ferj, que renegociou os pagamentos devidos) e a uma revisão das projeções de resultados de alguns hospitais adquiridos nos últimos anos.
Esse impairment gerou uma despesa de quase R$ 800 milhões, o que levou a companhia a reportar um prejuízo de R$ 750 milhões e um EBITDA negativo em 528 mi.
Excluindo esse valor, o lucro líquido ajustado foi de R$ 42,3 milhões, e o EBITDA ajustado ficou em R$ 272 milhões – uma margem EBITDA de 17,4%, em comparação aos 18,9% do tri anterior.
O CFO disse que essa redução da receita e das margens é “algo transitório, mas que deve demorar alguns trimestres para repor.”
Segundo ele, o acordo comercial que a companhia anunciou hoje com a Hapvida faz parte desse esforço de recomposição de receitas.
A Oncoclínicas vai atender os 600 mil beneficiários que a Hapvida tem na Grande São Paulo nos tratamentos de quimioterapia, e os 9 milhões de clientes que ela tem a nível nacional nos tratamentos de radioterapia.
Cristiano disse que o acordo também é relevante pelo fato da Hapvida ser uma rede verticalizada. “No cálculo do nosso mercado endereçável, nenhum analista considerava as vidas da Hapvida e de outras redes verticalizadas. Conseguimos quebrar esse paradigma,” disse ele.
No trimestre, a Oncoclínicas teve uma melhora importante em seu capital de giro. A companhia reduziu o prazo de recebíveis de 112 dias no terceiro tri para 107 dias no quarto, e elevou o prazo de pagamento dos fornecedores de 82 dias para 86.
Já o capex da companhia foi de R$ 32 milhões, em comparação a um capex de R$ 54 milhões no terceiro tri e de R$ 86 milhões no segundo. A redução teve a ver com o avanço das obras dos novos cancer centers da companhia em São Paulo e no Rio — que entraram na reta final, demandando menos investimento.
Com isso, a companhia conseguiu reduzir sua dívida líquida em R$ 112 milhões, saindo de R$ 3,37 bilhões para R$ 3,25 bilhões. Mesmo assim, a alavancagem subiu 0,1x do terceiro tri para o quarto, para 2,8x EBITDA, basicamente pela redução do EBITDA.
Cristiano disse que a expectativa para os próximos trimestres é manter a trajetória de redução da dívida líquida. “Não estamos passando guidance para o fim do ano, mas estamos confiantes que a trajetória é de desalavancagem, por essa mudança brusca do perfil da companhia que vimos nos últimos dois trimestres,” disse ele.
“Vínhamos de uma dinâmica de consumo de caixa de R$ 200-300 milhões e mudamos para uma dinâmica de geração de caixa e redução orgânica da dívida.”
A Oncoclínicas vale R$ 3,6 bilhões na B3, com sua ação caindo quase 50% nos últimos 12 meses.
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Oncoclínicas gera caixa e reduz dívida, mas sofre com impairment
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