Atriz de Tieta Rompe Barreiras e Promove Inclusão da Comunidade LGBT+ na Televisão

Rogéria: A Lenda da Telinha e o Legado na Comunidade LGBT+
Por Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin
Atualmente, os telespectadores da Globo podem rever o talento inconfundível de Rogéria na reprise da novela Tieta, onde interpretou a icônica personagem Ninete. Contudo, sua trajetória vai muito além das telas: Rogéria foi uma verdadeira pioneira da comunidade LGBT+ no Brasil. Falecida em 2017, aos 74 anos, a artista deixou um legado inestimável, abrindo portas para artistas homossexuais e trans na teledramaturgia nacional.
Desafios e Conquistas
A carreira de Rogéria teve um início modesto nos bastidores da extinta TV Rio, onde trabalhava como maquiadora. Esse ambiente propício para a arte permitiu que ela encontrasse seu verdadeiro chamado. Na década de 1960, incentivada pelos próprios artistas que maquiava, iniciou suas performances em casas noturnas de Copacabana, uma transição que a levaria a se tornar uma das figuras mais conhecidas da cena cultural carioca.
Naquela época, a sociedade ainda era extremamente conservadora, e ser uma mulher trans apresentava desafios enormes. No entanto, Rogéria não se deixou abalar pelas adversidades. Conhecida por seu bom humor e personalidade marcante, ela se autodenominava “a travesti da família brasileira”, abordando com leveza temas sobre identidade e visibilidade em um mundo que muitas vezes a excluía. Sua carreira era multifacetada, abrangendo cinema, televisão e teatro, além de frequentes participações em programas de auditório.
Entre suas conquistas, destaca-se o Troféu Mambembe, recebido em 1979 por sua atuação ao lado de Grande Otelo no espetáculo O Desembestado. Além disso, Rogéria foi homenageada como coreógrafa da comissão de frente da escola de samba São Clemente, onde atuou como Maria I de Portugal, levando discussões sobre a história do Brasil para o Carnaval.
Adeus a um Grande Nome
Além de seu talento indiscutível, Rogéria se tornou uma figura essencial na cultura pop brasileira, aproximando e dando visibilidade a artistas transformistas e travestis em programas de auditório, começando no inesquecível Chacrinha e passando por Luciano Huck. Sua presença em diversos espaços midiáticos fez com que muitos se sentissem representados.
Infelizmente, a vida de Rogéria terminou em 4 de setembro de 2017, quando foi internada devido a uma infecção generalizada. O quadro clínico se agravou com uma crise convulsiva, levando a um choque séptico do qual ela não conseguiu se recuperar.
Nesta reprise de Tieta, o Brasil relembra não apenas a artista, mas também a luta e a coragem que Rogéria incorpora na busca por um espaço de respeito e aceitação na sociedade. Sua história é um lembrete poderoso de que a arte é um caminho para a inclusão e que o legado de Rogéria continuará a inspirar futuras gerações.

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