Pesquisa revela influência da imprensa conservadora no debate climático no Reino Unido

Selo canal Planeta na Mídia MediaTalks informações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade ambientalLondres – A batalha da mitigação da crise da mudança climática está sendo travada não apenas em governos e empresas, mas também na mídia.

Veículos de comunicação conservadores ou populares têm se destacado por criticar medidas de proteção ambiental, influenciando a opinião pública e, consequentemente, a implementação de políticas ambientais.

Um exemplo emblemático dessa tendência pode ser observado no Reino Unido. Uma análise do Carbon Brief, site especializado em clima e energia, revela que jornais de direita do país intensificaram os ataques contra o secretário de energia Ed Miliband e as políticas de mitigação da crise climática em 2024.

Dos 368 editoriais sobre clima e energia publicados ano passado, 169 tratavam explicitamente da mudança climática e 44 argumentavam contra ações de mitigação, um recorde.

Esse número representa um aumento significativo em relação aos anos anteriores e demonstra a crescente oposição de parte da imprensa às medidas de combate à crise climática.

Ed Miliband, alvo dos que não querem medidas para mitigação da crise climática

Defensor de longa data de políticas climáticas e responsável pelo plano de energia limpa do Partido Trabalhista, Ed Miliband virou o alvo preferido.

O Carbon Brief identificou 61 editoriais criticando diretamente Miliband, a maioria publicada após a vitória do Partido Trabalhista nas eleições de julho de 2024. O The Sun liderou os ataques com 29 editoriais, seguido pelo Daily Mail com 12 e The Daily Telegraph com 9.

Essas publicações alegavam, muitas vezes sem evidências, que as políticas de Miliband resultariam em contas de energia mais altas e apagões.

Ele foi rotulado como “eco-fanático”, “louco” e “obcecado pela ecologia” devido ao seu apoio a políticas net-zero.

A oposição à agenda climática se estende para além dos ataques pessoais.

O argumento mais comum contra ações climáticas foi o impacto econômico negativo das políticas climáticas, presente em 20% dos editoriais sobre o tema. Jornais como o Daily Telegraph e o Sunday Times destacaram o “custo do net-zero” em seus editoriais.

Outro tema recorrente foi a crítica a defensores do clima, como o grupo Just Stop Oil e o próprio Miliband, acusados de “hipocrisia” e “fanatismo”.

Imprensa contra energia de fontes renováveis

A análise do Carbon Brief também examinou a cobertura de diferentes tecnologias energéticas, revelando uma forte oposição às energias renováveis. Dos 79 editoriais sobre energia, 25 se opunham à energia eólica, solar e outras fontes renováveis, um novo recorde.

Novamente, o argumento principal era o custo, com o Daily Mail criticando os “subsídios exorbitantes” para renováveis e o The Sun classificando o plano de reduzir a dependência do gás natural como uma “fantasia ruinosa”.

Esses dados evidenciam como a mídia, especialmente a conservadora, atua como um campo de batalha na luta pela sustentabilidade.

A oposição ferrenha às políticas climáticas e a demonização de seus defensores, como Ed Miliband, influenciam a opinião pública e dificultam a implementação de medidas eficazes para combater a crise climática.

A pesquisa do Carbon Brief destaca a importância de um debate público baseado em evidências científicas e a necessidade de contrapor a desinformação disseminada por parte da imprensa.

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